17 de jun. de 2010

CATEDRAIS DO SÉCULO 21

Entro na Catedral. Uma atmosfera diferente envolve todos que ali estão. São corredores largos e altos. Vemos deuses em todos os lados, uns maiores e outros menores, mas sempre deuses. O culto a eles é incessante. Pessoas entram e saem cada vez mais imbuídas do sentimento que eles deixam: a necessidade intermitente, o desejo sempre insaciável. Andando pelos corredores das catedrais encontro muitos tipos, de várias formas, de muitas vidas. Aliás, dizem que catedrais como estas são exemplos de “não-lugares”, onde não há uma cultura distinta, nata.

E os deuses se contorcem, se embelezam para atraírem seus súditos. Em seu centro estão Afrodite e Baco. Afrodite com sua beleza e sedução e Baco com seu edonismo. E todos os outros deuses se embriagam com o vinho de Baco, com a paixão de Afrodite. E os fiéis da catedral vão atrás. Seguem cegamente os deuses que saciam seus desejos com a ânsia de mais desejos. E seus fiéis são homens, mulheres, idosos, crianças... todos se curvam perante os milhares de deuses que estão lá, na catedral.

Que se tiram coisas boas das catedrais, se tiram sim. Os deuses às vezes são generosos, mas nem sempre. Quando saio da catedral o mundo é outro, a vida é outra, o compasso do relógio muda. Olho pra trás e vejo a catedral que continua lá, imponente, cheia de deuses e de fiéis que adoram, que negam, que saem e que voltam.

2 comentários:

  1. O CENÁRIO MEU CARO ULISSES VAI ESTAR LÁ, DINAMICA DE GENTE E DE DEUSES, O QUE NÃO SE REPETE É ESTE OLHAR SEMPRE CITRICO , CRITICO E POETICO DOS OLHOS DO OBSERVADOR.

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  2. São deuses que nada são e nada possuem além da credulidade dos incrédulos.

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