Ao Deus dará...

“Diz que deu / Diz que dá / Diz que Deus dará / Não vou duvidar, oh nega / E se Deus não dar / Como é que vai ficar, oh, nega? / "à Deus dará" , "à Deus dará"”. (Partido Alto – Cássia Eller)

É mais ou menos com esse sentimento de “Deus dará” que fiquei. Diante dos impostos absurdamente altos, das tarifas “extras” pagas diariamente (eu não entendo por que tenho obrigação de pagar para poder estacionar em um acostamento de rua, que é público) e do voto que apesar de insistir em tentar ser correto, nunca o é, vemos que nada disso adianta. Como diz o livro de Eclesiastes da Bíblia: tudo isso é vão... é poeira de nada.

Escrevo esse texto após alguns dias de terem arrombado meu carro. Se tivesse escrito no mesmo dia ou no dia anterior ele estaria impublicável, pois certamente haveria palavrões, tamanha a indignação que estava tomando conta de mim. Indignação por trabalhar e tentar uma vida correta para vir um vagabundo qualquer, quebrar o que comprei com muito sacrifício e ainda roubar o que tá dentro. Mas indignação também porque aqueles que são pagos por mim mesmo para garantir um pouco de segurança à população não fazem nada.

Mas isso também me ensina. E como neste caso, em tudo na vida devemos tirar uma lição. Temos que aproveitar para aprender algo de bom, senão nada nos vai restar a não ser lamentar e lamentar. Aprendi mais sobre dependência de Deus. Aprendi que, no mundo em que vivemos estamos literalmente “ao Deus dará”. E essa expressão utilizada por muitas vezes com sentido pejorativo, de que o pior irá acontecer, pode se tornar positivo. Quem espera nas providências de Deus está “ao Deus dará”. E sabendo que Ele quer o melhor para nós, ainda que na hora o que acontece não pareça ser o melhor, podemos descansar.

Trata-se de uma desconstrução do ditado. Se não podemos confiar em carros, armas e seguranças, logo estamos “ao Deus dará”. E, ainda que a olhos humanos não pareça, isso é bom!