31 de out. de 2008

O SANTO ENCLAUSURADO


- Me libertei! Disse o santo com um ar entusiasmado e ao mesmo tempo temeroso.

O santo que há muito havia sido aprisionado na clausura, tinha este estado como algo necessário e, convicto de sua vocação. Pedia aos céus sentimentos de conformidade e aceitação, pois seu destino era aquele e não poderia fugir. Dias de martírio, dias de angustia e solidão. Estava convencido que não era só, mas não O sentia ali tão perto.

Olhava o sol pela janela no crepúsculo do dia. Aos poucos a sombra da parede ia encobrindo seu rosto e conseqüentemente, o brilho dos olhos que avistavam o horizonte ia desaparecendo coberto pelas mesmas sobras. Chegava a noite. Voltava a solidão. Tentava dormir logo para poder passar rápido aquele período.

Porém, o jovem santo chegou um dia a questionar-se da verdadeira necessidade da clausura. Entendeu que o “ser santo” não dependeria do seu isolamento do mundo, mas sim da diferença que ele faria em meio a ambientes hostis e pesados. As paredes não poderiam conter a vontade de viver, se relacionar, comunicar, noticiar... aprender. Afinal, só sabe-se que a laranja é doce ou azeda quando prova-se dela. 

Resolveu-se. Arrancou as chaves de suas próprias mãos e abriu a porta. Desta vez o sol bateu com mais força em seu corpo. Seu olho brilhou mais forte do que brilhava com a turva luz da janela. Observou ao redor e surpreendeu-se. Sentiu-O bem mais perto. Em uma sociedade cada vez mais massificada, realmente havia muito espaço e oportunidade para fazer a diferença. Não nega que assustou-se.

Voltou-se para trás, calçou o chinelo, colocou um óculos escuro para proteger-se do que não queria ver. Fechou a porta da clausura, olhou para o antes longínquo horizonte.

- Chegou minha vez. – Pensou.

Colocou seu sorriso e preparou-se para o porvir.

Primeiro passo dado.

4 comentários:

  1. ISSO É O QUE CHAMO DE PODER LITERÁRIO...SENSIBILIDADE APURADA E PEITO ABERTO PARA O INFINITO MAR DA INSPIRAÇÃO

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  2. Nossaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! kkkkkkk

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  3. Pra fazer a diferença precisa tirar os óculos e encarar o sol, se não tem coragem... é melhor a clausura mesmo

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  4. Fomos feitos para o mundo, mas não somos do mundo. Estamos aqui por alguma razão, para realizar algo e a fé é testada no dia-á-dia.

    Está sumido, escreva mais.

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