21 de jan. de 2010

Marcas na noite


Descendo pela ladeira às 22h da noite, vejo que um grupo de garotos vai subindo de bicicleta. Eu com minha camiseta preta sem marca, calça jeans, tênis e bolsa abarrotada de coisas avisto logo não o rosto de nenhum deles. Mas uma marca. Todos usavam o mesmo boné, apenas com cores diferentes e roupas bem parecidas.
Então me pus a pensar em como hoje em dia a personalidade está em baixa. Hoje não somos tão mais pessoas, somos marcas. Vejo em lojas e shoppings pessoas que procuram não algo que possa suprir sua necessidade apenas, mas uma marca também. O valor simbólico está em alta!
É muito bom ter uma camiseta legal, mas se ela ostentar uma marca famosa, minha projeção no meu círculo social será bem maior. Esta é a busca de valores de hoje em dia. Continuo descendo a ladeira que agora está sem marcas. Vazia. Louco para tomar meu banho e encerrar o dia. Ter um descanso das informações, dos valores e dos rótulos.

Um comentário:

  1. "Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
    São mensagens,
    Letras falantes,
    Gritos visuais,
    ...Ordens de uso, abuso, reincidências.
    Costume, hábito, premência,
    Indispensabilidade,
    E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
    Escravo da matéria anunciada.
    Eu é que mimosamente pago
    Para anunciar, para vender...
    ...Onde terei jogado fora
    meu gosto e capacidade de escolher,
    Minhas idiossincrasias tão pessoais..."

    Veja esse poema na integra, ele é perfeito!
    Poema: Eu, etiqueta (Carlos Drummond de Andrade)

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